Fizemos uma reflexão sobre o cenário político atual e estratégias que devem ser usadas por pessoas que querem ascender politicamente na sociedade
Os impactos dos acontecimentos políticos e judiciais dos últimos 5 anos no nosso país foram significativos.
O que mais impactou foi, com certeza, a Operação Lava Jato, que em março deste ano completará 5 anos, e sacudiu a classe política e o ambiente político brasileiro.
Com certeza estes impactos só aconteceram devido ao processo que estamos passando em nossa sociedade que é a democratização da internet, da comunicação e das suas ferramentas.
Agora o cidadão não está mais alheio e sem poder, como durante o ápice do poder da Televisão ou ainda do Rádio e da Revista. Em que ele não tinha mecanismos para contestar aquela informação ou de contra argumentar.
Esse movimento nas estruturas de poder do país refletiram na dinâmica da sociedade de uma forma generalizada, nas esferas:
Essa mudança, é POSITIVA, pois o eleitor retoma a sua cidadania – sem aqui entrar no mérito do debate da cidadania – e sente que pode interferir no que antes parecia imutável.
Outra questão que parecia impossível de mudar, eram os mandatos dos políticos de carreira, que se perpetuaram como “políticos profissionais” e não como agentes públicos que recebem “procuração” da população para representá-los e agir em benefício da coletividade.
Você sabia que existem mais de 65.000 cargos públicos eletivos (políticos) atualmente no Brasil?
Quantos deles se comunicam e prestam contas para a população?
Com certeza muito poucos.
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Não tem nada para apresentar para a população,
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Tem medo e não sabem como fazer.
Créditos: Agência EBC
“Quando um homem assume uma função pública, deve considerar-se propriedade do público” (Thomas Jefferson)
Mesmo que com uma polarização de vontades inevitável, no processo eleitoral de 2018 a multidão se reuniu por afinidade de bandeiras (família, governo, …) e se organizou em cima desses elementos comuns, que despertam a sensação de pertencer a um coletivo comum e os engaja em uma luta para “ter um país melhor”.
Não falo de um grupo específico, porque ambos tinham esse objetivo em sua defesa, ambos os lados buscavam, cada um do seu jeito, perspectivas de melhora na sua condição de vida e possibilidade de resolver seus problemas.
E isso só foi possível devido as redes sociais. Elas deram voz ao “tiozão do churrasco” tanto quanto ao professor universitário da família.
A eleição de 2018 teve, pela primeira vez, a campanha FOCADA NAS REDES SOCIAIS com a mesma ou maior intensidade da televisão.
Historicamente em questão de dedicação de tempo e recursos, tudo era centralizado na televisão.
Nesse ambiente e com esses ingredientes o cidadão eleitor foi às urnas e inovou.
Colocou para fora seu sentimento de repúdio ao modelo político atual, as constantes notícias e escândalos no noticiário diário.
E acreditou que isso se resolveria, “tenque que mudar tudo isso aí”.
Por mais simples que seja esta frase, os políticos que entenderam o sentimento da população conseguiram se colocar como um símbolo de renovação.
Tanto a instância estadual como federal do legislativo renovou o seu quadro de parlamentares.
Renovou sim, no senado menos de 15% se reelegeram, isso significa que quase 50 vagas serão ocupadas por pessoas novas no cenário político eleitoral, lembre-se que apenas ⅔ das vagas estavam em concorrência, por isso essa renovação poderia ter sido maior ainda.
Na Câmara de Deputados, das 513 cadeiras, 243 serão ocupadas por novos parlamentares, isso significa renovação de 47,4%, a maior desde 1990.
Sem falarmos das Assembléias Legislativas estaduais, nas quais a renovação foi também constatada acima da média.
Além de perceber que a crise da classe política no Brasil implicou em mudanças consideráveis de comportamento dos eleitores brasileiros, fato que se materializou nas eleições de 2018, com toda a certeza esse fenômeno será potencializado nas eleições 2020, com alguma variação do que podemos chamar de “novo” e “novidade”, mas esse será assunto de outro texto.
A política atual não suporta mais modelos e práticas antigas, não desconsidere esse fato.
Então, nesse momento político e social, qual a melhor forma de um político conversar com seus eleitores?
1) Compreenda o momento político por que passa o Brasil
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As pessoas estão com aversão a partidos políticos e a política
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A informação está nos celulares das pessoas, por isso discursos prontos não funcionam mais
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O meio digital está modificando a forma de nos relacionarmos
2) Não adianta mais ir comer pastel e tomar café com leite na padoca da esquina.
Conheça o cidadão-eleitor, não só em época de eleição, com práticas clichês como pegar criança no colo e comer sanduíche na barraquinha de lanche, isso não convence mais ninguém. Inclusive foi motivo de piada neste vídeo brilhantemente produzido pelo Marcelo Adnet
3) Defenda causas comuns e relevantes para a sociedade
Demonstre claramente quais são as suas “causas” e as defenda coerentemente, sem reacionarismo ou ódio, utilize-se do seguinte ensinamento “posso não concordar com o que você diz, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-lo” (Evelyn Beatrice Hall).
As pessoas não reagem bem a criticas e a discussões que saiam do campo das ideias, por isso, respeite sempre a opinião das pessoas.
4) Estude, se desenvolva profissional, pessoal e politicamente
Conheça a situação da sua cidade e estado, se aproprie dos números e estatísticas sobre políticas públicas, conheça a conjuntura nacional.
5) Bote sua cara a tapa
Mostre e fale aquilo que você não concorda.
As pessoas não suportam mais políticos em cima do muro, que utilizam o discurso “establishment”.
Puxe um pouco na sua memória, quantas vezes você ouve um político falando, falando e falando e no final ele não disse nada.
Ficou em cima do muro, “Ah porque precisamos esperar o que a bancada vai decidir pois ainda existem muitos fatores a serem analisados mas no final com toda a certeza, o nosso voto será a favor da sociedade brasileira que não suporta mais tudo isso. Blá, blá, blá!
Marque posição e diga o que pensa, existem pessoas que pensam como você mas que não tem coragem de falar.
Seja o líder, o porta-voz e a referência delas.
6) Gere valor para as pessoas
Procure gerar valor para as pessoas, primeiramente você como pessoa. O que você está fazendo para mudar a sociedade, escreva artigos, faça vídeos explicando sua opinião seu ponto de vista, participe de associações, grupos e seja ativo na comunidade.
O político na sua vida pública é um reflexo do que ele é na sua vida pessoal e profissional, por isso seja coerente.
A construção de uma carreira política e uma vida pública não é algo que acontece de uma hora para outra, você precisa ter estratégia e um plano de ação para isso.
Atualmente a melhor forma de um político conversar com seus eleitores é ele ser sincero, ter coerência na sua vida pública a partir do que já faz na vida privada e ter coragem de assumir posição e defender a causa que decidiu representar, sem se contradizer.
No próximo artigo iremos abordar como usar a tecnologia e as redes sociais para potencializar a sua comunicação com a sociedade.
Carmelice Faitão Balbinot